Pontos positivos e negativos da alta do dólar para os brasileiros

Atualizado em 25/09/2019
Publicado em 25/09/2015
Autor: Emprestimo Online

O real continua a afundar em setembro… 

O real continua a cair de valor nas semanas recentes. A moeda chegou ao patamar mais baixo dos últimos 12 anos, frente ao dólar americano. A queda, que começou em abril de 2014, foi incentivada pela economia enfraquecida e uma incerteza crescente de que o governo será capaz de frear o declínio econômico. Em 4 de setembro, chegou a R$3.84 por dólar, o que representa uma desvalorização de 6.2% sobre o mesmo valor do mês anterior. Dessa maneira, o real está rapidamente se aproximando de sua maior desvalorização, que aconteceu em 2002, quando a taxa era de R$4,00 por dólar.

Nas últimas semanas, o mercado financeiro assistiu a uma onda de compras da moeda estrangeira, com investidores preferindo recorrer à segurança da divisa americana, diante das divergências entre governo e Congresso a respeito do ajuste fiscal. O valor do dólar tem subido por motivos externos, que afetam a economia americana e do mundo inteiro. A crise financeira fez com que a moeda americana fosse valorizada.

A desvalorização crítica do real vem em meio a um panorama não apenas de deterioração da economia brasileira, mas de um crescente desentendimento político. A economia entrou em uma recessão técnica desde o primeiro semestre de 2015 e a situação das contas públicas pioraram desde então. Além disso, os índices de aprovação da Presidente Dilma Rousseff caíram para o mais baixo patamar de todos os tempos e a perda de apoio no Congresso tem impedido muitas das tentativas do governo de acertar o orçamento brasileiro.

Podemos nos perguntar quais são as consequências dessa alta do valor do dólar para o bolso do brasileiro, e se, ao lado dos efeitos negativos, haveriam vantagens para a economia do país.

Enquanto isso, os salários no Brasil praticamente foram congelados, e aumentos para os servidores públicos foram cancelados. Está cada vez mais caro comprar em dólar e a cada dia mais caro comprar dólar.

Pontos positivos e negativos da alta do dólar para os brasileiros

Imagem: Pixabay / alexsander-777

Efeitos positivos

– Balança comercial brasileira – O principal efeito positivo de um real desvalorizado é o de levar a um aumento das exportações, o que traz o equilíbrio da balança comercial.

– No acumulado de 2015, as vendas externas superaram as importações. O superávit de pouco mais de US$6 bilhões na balança comercial brasileira foi informado no final de agosto, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

– Houve uma melhora com relação ao ano de 2014, quando havia um déficit nas operações comerciais do Brasil com o exterior, de US$ 1,28 bilhão.

– A melhora do saldo comercial está relacionada com o aumento das vendas de minério de ferro e trigo, já na cotação do real desvalorizado. A diminuição da atividade comercial no mercado interno fez com que o volume de produtos importados caíssem. Com o preço do petróleo mais baixo no mercado internacional, o Brasil economizou na importação desse produto, já que mais importa do que vende petróleo ao exterior.

–  Na indústria brasileira – Se as exportações de produtos manufaturados brasileiros aumentarem, será aumentada a atividade industrial. Com isso são gerados mais empregos.

– Com produtos importados mais caros os itens nacionais tornam-se mais competitivos e atraentes para o consumidor.

– Na exportação de manufaturados – Compradores dos produtos brasileiros poderão aumentar suas importações, porque seu poder de compra vai aumentar frente a um real desvalorizado. Para as indústrias que exportam esse fato pode gerar empregos e como consequência ser benéfico para a economia nacional. Quando esse movimento beneficia os empresários brasileiros, estes podem preferir direcionar seus produtos para exportação, com o objetivo de obterem um lucro maior.

– Turismo interno – Uma consequência positiva da alta do dólar no Brasil tem sido o aumento das viagens no país. Ao invés de ir para o exterior, o turista brasileiro prefere economizar e manter seus planos de viajar nas férias.

Efeitos negativos

– No bolso do consumidor – As alterações do câmbio tem influência no aumento da inflação, agravando a recessão econômica. Entre as consequências negativas está o aumento de preços, porque muitos componentes de produtos brasileiros são importados e as cotações de preço tem como base a moeda americana. Todos os consumidores perceberão a consequência na alta dos preços em determinados setores da economia, principalmente na alimentação, nos produtos eletrônicos e nos medicamentos. Quanto mais alto o dólar, mais a inflação será pressionada para cima, com aumento de preços.

– A alta do dólar tem efeitos no bolso do consumidor, com o aumento da pressão inflacionária e o encarecimento de viagens ao exterior e alguns produtos de origem estrangeira, importados. Não somente produtos de luxo, como carros e bebidas, mas os que têm insumos comprados no exterior e que fazem parte do dia a dia, como pães e biscoitos, porque grande parte da farinha de trigo usada no Brasil é importada da Argentina e EUA.

– Com a alta do dólar e flutuações do câmbio existe um cenário de instabilidade, em que até os maiores exportadores podem ver o preço de seus produtos caírem, em proporções maiores do que a queda do real.

– a inflação, que é determinada pela alta do dólar, começa afetando os produtos importados, mas acaba afetando também outros produtos. Essa é uma consequência negativa que deriva de uma consequência positiva, a alta de preços dos produtos brasileiros no exterior, que tem preço mais baixo, cotados em dólar. O que acontece é que os produtores aumentam o preço no Brasil para manterem seus lucros na venda. O resultado é que a alta de preços passa a ser generalizada a todo o mercado.

– Turistas estrangeiros no Brasil –  Com a alta do dólar e desvalorização do real é esperado um aumento no número de turistas estrangeiros que visitam o Brasil. Essa tendência traz maior consumo e moeda estrangeira para a economia. O turismo pode gerar mais renda e melhorar a vida dos habitantes locais, onde o turismo é maior, em cidades turísticas e capitais do país.

– Turista brasileiro no exterior – Para o turista brasileiro começaram a aparecer muitos prejuízos, porque os preços de produtos, diárias de hotel e passagens aéreas passaram a ficar mais caros. Além da defasagem da moeda, o brasileiro ainda paga o imposto IOF, de 6%, sobre o valor das compras em dólar, que são feitas através de cartão de crédito. 

Na indústria nacional – O aumento da atividade industrial para substituir importações pode levar, ao mesmo tempo, a que as indústrias tenham dificuldades para importar insumos. Se tiverem dívidas em dólar, ficará mais caro para saldá-las.

A alta do dólar pode gerar efeitos positivos e negativos para o Brasil. Só que os efeitos negativos são bem mais expressivos do que os positivos. A alta do dólar deve gerar impacto na economia brasileira, que já se encontra num cenário crítico, através de pressões inflacionárias.

Além disso, há temores sobre a nota do grau de investimento do país – representantes da agência de classificação de risco Standard and Poor’s (S&P) já estão no Brasil para começar as avaliações. Em meio às incertezas, é o dólar que sente com mais força a aversão ao risco.

A economista Cecília Melo Fernandes explica que, no curto prazo, a alta do dólar deve gerar impacto no cenário econômico brasileiro principalmente por meio de pressões inflacionárias, que já se encontra num cenário crítico.

“Os preços livres e as commodities estão se desacelerando, e isso alivia um pouco o efeito do câmbio na inflação no curto prazo. Porém, se essa trajetória se interromper, haverá a necessidade de implementar uma política monetária ainda mais austera”, afirma Fernandes. “E isso vai gerar impacto nos investimentos, no desempenho econômico, que já está fraco, e consequentemente nos empregos no médio e longo prazos.”

A subida do dólar é influenciada por fatores internos e externos. No Brasil preocupam, além do impasse sobre o ajuste fiscal, a desaceleração da economia; a inflação acima da meta do governo federal; e até um possível racionamento de água e energia.

No exterior há preocupações com a crise na Grécia e a possível elevação da taxa básica de juros nos EUA, o que geraria uma redução de fluxo de capitais no Brasil. Como os títulos da dívida americana ficarão mais atrativos, há uma antecipação do mercado aos sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e da economia americana, como a taxa de emprego favorável.

No Brasil, o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, reflete o pessimismo do mercado financeiro. No documento, analistas estimam que o PIB terá retração de 0,58% em 2015 e que a inflação subirá a 7,1%, acima da meta estabelecida pelo governo, de 6,5%.

“O dólar tem respaldo no cenário externo e na atuação do Banco Central. Houve um reflexo da sinalização do BC de uma menor intensidade na renovação dos contratos de swapcambiais que vencem em abril”, afirma Fernandes. “Essa sinalização reforçou as expectativas de que haverá uma menor intervenção, de forma gradual, no mercado daqui para frente.”

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou em janeiro que o governo federal não continuaria a valorizar o câmbio de forma artificial. Com a desvalorização do real, disse Levy, o governo federal pretende que os produtos brasileiros melhorem sua competitividade no exterior. A atuação do Banco Central no mercado está, assim, limitada a 100 milhões de dólares por dia.

Dólar em alta é bom para incentivar o turismo no país e para quem exporta.
Em contrapartida, impactos negativos são bem maiores.

Alta do dólar reflete de maneiras diferentes nos setores da economia

Essa alta no dólar reflete em vários setores da economia brasileira,.

“A alta do dólar, da moeda americana, tem na economia brasileira, e na economia em geral, dois efeitos principais, um positivo e um negativo.

O negativo é a inflação porque com o dólar em alta, tudo o que é importado ou tem componente importado fica mais caro, então os preços tendem a subir.

O fator positivo é que facilita as exportações. O produto brasileiro fica mais barato em dólar e aumenta a possibilidade de venda no exterior. No caso do Brasil, estamos precisando desse apoio e incentivo externo.

Do ponto de vista da população brasileira, dos viajantes, isso significa que nós ficamos mais pobres, o dólar alto reduz nosso poder aquisitivo em relação ao resto do mundo e fica muito mais caro viajar. Em contrapartida, fica mais fácil para o estrangeiro vir visitar o Brasil, ou seja, ele fica mais rico aqui dentro e o brasileiro mais pobre lá fora”.

4 Comentários

  • Bruna says:

    Boa tarde,

    Achei muito completa a análise. Era justamente o que eu estava procurando para entender melhor os dois lados da moeda. Tudo tem dois lados e os dois devem ser analisados e compreendidos!

    Obrigada

    • Sanaira Silveira says:

      Boa tarde Bruna,

      Obrigada pela mensagem,
      Que bom que gostou do artigo!

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      Obrigada!

  • Matheus says:

    Olá,

    Muito esclarecedor. Pude compreender todos os aspectos levados em consideração e com certeza os pontos negativos tendem a se sobrepor aos positivos. Vocês acreditam que dólar ainda irá subir muito? E para o ano de 2016 já é possível alguma previsão se continuará subindo?

    Até mais

    • Sanaira Silveira says:

      @matheus

      Bom dia Matheus,

      Obrigada pela mensagem
      Precisamos ficar por dentro das notícias e artigos para “prever” o que irá acontecer no ano de 2016, as mudanças são constantes.

      Obrigada, até logo!

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